Dez Fatos Sobre a Mitologia Nórdica Que Você Precisa Saber

A mitologia nórdica, como a conhecemos hoje, moldava as crenças religiosas dos povos de regiões como a Escandinávia e a Islândia. Para os nórdicos, o mundo era um lugar mágico, habitado por deuses, espíritos e outras entidades que precisavam ser honradas para manter o equilíbrio pessoal e comunitário.

Esses deuses chegaram à Escandinávia por volta de 2300 a 1200 a.C., com as migrações germânicas, e suas histórias foram transmitidas oralmente pelos poetas, conhecidos como skalds, até a ascensão do Cristianismo por volta do ano 1000 d.C., quando começaram a ser registradas por escrito. A mitologia nórdica abrange desde o início do mundo até seu fim nas chamas de Ragnarök, que traria o nascimento de um novo mundo.

A Mitologia Nórdica Escrita por Cristãos

Embora os nórdicos pré-cristãos tivessem o sistema de escrita das runas, esse alfabeto era utilizado apenas para mensagens curtas, como inscrições em memoriais. As grandes histórias dos deuses foram transmitidas oralmente até a chegada do Cristianismo, que incentivou a alfabetização. Escribas cristãos preservaram essas histórias, seja para contestar sua veracidade ou como curiosidades históricas. As principais fontes da mitologia nórdica são a Edda Poética e a Edda em Prosa, ambas do século XIII. A Edda Poética é uma compilação de versos, enquanto a Edda em Prosa foi escrita pelo mitógrafo islandês Snorri Sturluson.

Dias da Semana com Nomes de Deuses Nórdicos

Os deuses nórdicos influenciaram até os nomes dos dias da semana, principalmente no inglês, que foi influenciado pelas línguas germânicas e escandinavas. Veja como isso se reflete:

  • Domingo – em homenagem à deusa do sol, Sunna
  • Segunda-feira – em honra a Mani, deus da lua
  • Terça-feira – nomeada em homenagem ao deus da guerra, Tyr
  • Quarta-feira – em honra a Odin (Woden), rei dos deuses
  • Quinta-feira – dedicada a Thor, deus do trovão
  • Sexta-feira – em homenagem a Frigg ou Freyja
  • Sábado – mantém a referência ao deus romano Saturno

Deuses e Gigantes São Parentes

Apesar de serem inimigos, os gigantes de Jotunheim deram origem aos deuses. O primeiro ser nascido nos Nove Reinos foi o gigante Ymir, seguido pela vaca Audhumla, que descobriu o deus Búri ao lamber o gelo. Búri teve filhos com uma gigante, gerando Odin, Vili e Vé, enquanto Ymir deu origem a outros gigantes por autofertilização. Assim, os deuses e os gigantes, apesar de rivais, compartilham uma origem comum.

Primeiros Humanos Feitos de Árvores

De acordo com a Edda Poética, os primeiros humanos, Ask (homem) e Embla (mulher), foram criados pelos deuses Odin, Hœnir e Lodurr a partir de duas árvores. Odin deu-lhes vida, Hœnir deu inteligência, e Lodurr deu sangue e cor ao corpo. Esses humanos iniciais são refletidos no casal Lif e Lifthrasir, que sobreviveriam ao Ragnarök para repovoar o mundo.

Loki Não é Irmão de Thor

Embora a cultura popular tenha popularizado Loki como irmão de Thor, na mitologia nórdica, isso não é verdade. Loki é irmão de sangue de Odin, mas como esse laço foi formado não está claro. Thor é mais um “sobrinho honorário” de Loki, e, apesar de Loki ser um causador de problemas, ele demonstra respeito e até medo de Thor.

O Martelo de Thor e as Travessuras de Loki

O martelo de Thor, Mjölnir, existe graças às travessuras de Loki. Em uma história, Loki corta o cabelo de Sif, esposa de Thor, e, para se redimir, pede aos anões que façam novos objetos mágicos, incluindo o martelo de Thor. Entretanto, o cabo do martelo ficou mais curto do que o normal por causa das brincadeiras de Loki com os anões.

Deuses Não São Imortais

Diferente de outros panteões, os deuses nórdicos não são imortais. Eles dependem da deusa Idunn e suas maçãs mágicas para manter a juventude. Uma das histórias conta que Loki engana Idunn, resultando em seu sequestro por um gigante. Sem as maçãs, os deuses começam a envelhecer até que Loki a resgata.

O Navio Feito de Unhas dos Mortos

Na batalha final de Ragnarök, o navio Naglfar, feito das unhas dos mortos, transportará o exército de Hel para lutar contra os deuses. Essa história incentivava os vikings a manterem suas unhas bem cuidadas, já que unhas longas contribuíam para a construção do navio do fim dos tempos.

Filhos de Loki Iniciam o Ragnarök

Os filhos de Loki com a gigante Angrboda desempenham papéis importantes no Ragnarök. Fenrir, o lobo, Jörmungandr, a serpente marinha, e Hel, rainha dos mortos, causam grandes estragos. Juntos, eles lideram as forças do caos que trarão a destruição dos deuses e do mundo.

Renascimento Após Ragnarök: Uma Adição Cristã?

Após Ragnarök, a vida surge novamente. Frigg, Freyja, Idunn e outros deuses sobrevivem e repovoam o mundo. No entanto, alguns estudiosos acreditam que esse renascimento pode ser uma adição cristã, já que ressoa com imagens do Jardim do Éden. Há debates sobre se a mitologia nórdica original teria incluído um renascimento ou se o fim seria definitivo.

Este artigo foi desenvolvido com base no conteúdo do site: https://www.worldhistory.org/article/1836/ten-norse-mythology-facts-you-need-to-know/

FAQ

Quem escreveu as histórias da mitologia nórdica?

As histórias da mitologia nórdica foram preservadas principalmente por escribas cristãos no século XIII, muitos anos após a conversão das regiões nórdicas ao Cristianismo. Antes de serem registradas, essas narrativas eram transmitidas oralmente por poetas, conhecidos como skalds. Esses poetas mantinham as tradições vivas por meio de canções e recitações, o que era comum em culturas que não tinham o hábito de registrar suas crenças por escrito. No entanto, com a chegada do Cristianismo e a consequente popularização da escrita, as histórias começaram a ser compiladas em textos como a Edda Poética e a Edda em Prosa. A Edda Poética é uma coleção de versos de diferentes épocas, enquanto a Edda em Prosa, escrita pelo islandês Snorri Sturluson, apresenta uma narrativa estruturada sobre os mitos e lendas dos deuses nórdicos. Embora esses registros tenham sido feitos por cristãos, é importante lembrar que a intenção não era necessariamente preservar a religião antiga, mas sim documentar o que restava dessas tradições antes que fossem esquecidas. Algumas dessas histórias podem ter sido influenciadas pela perspectiva cristã.

Os deuses nórdicos são imortais?

Na mitologia nórdica, os deuses não são imortais como em outras tradições mitológicas. Eles vivem por longos períodos, mas sua juventude e vitalidade dependem de um recurso específico: as maçãs mágicas da deusa Idunn. Segundo as lendas, essas maçãs são essenciais para que os deuses mantenham sua aparência jovem e suas habilidades físicas intactas. Uma das histórias mais conhecidas envolve o sequestro de Idunn por um gigante, após Loki, o deus trapaceiro, ter sido chantageado para atraí-la para fora de Asgard, a morada dos deuses. Sem as maçãs, os deuses começaram a envelhecer rapidamente e perderam sua força. Loki, percebendo o erro, foi forçado a resgatar Idunn para restaurar o equilíbrio e a vitalidade dos deuses. Além disso, o mito do Ragnarök, que descreve a destruição do mundo, mostra que muitos deuses morrem durante essa batalha final, o que reforça a ideia de que a imortalidade absoluta não existe na mitologia nórdica. A morte dos deuses no Ragnarök é um lembrete de que até mesmo os seres divinos estão sujeitos ao ciclo da vida e da morte.

O que é o Ragnarök?

Ragnarök é o evento cataclísmico que marca o fim do mundo na mitologia nórdica. Traduzido como o “destino dos deuses”, o Ragnarök é uma série de acontecimentos que culminam em uma batalha final entre os deuses de Asgard e as forças do caos, lideradas por gigantes, monstros e os filhos de Loki. Esse evento apocalíptico é precedido por uma série de presságios, como o longo inverno conhecido como Fimbulvetr, a morte do deus Baldr, e o surgimento do lobo Fenrir, que devora o sol. Durante o Ragnarök, muitos dos principais deuses nórdicos, incluindo Odin e Thor, encontram seu destino e são mortos. O mundo é consumido por chamas e inundações, levando à destruição de quase tudo. No entanto, ao contrário de outros mitos apocalípticos, o Ragnarök também contém a promessa de um renascimento. Após a destruição, um novo mundo emerge das cinzas, onde a vida continua com novos deuses e os poucos sobreviventes do Ragnarök, como os filhos de Thor e dois humanos, Lif e Lifthrasir, que repovoarão a Terra. O Ragnarök simboliza o ciclo de destruição e renascimento, muito presente nas mitologias antigas.

Loki é irmão de Thor?

Embora os filmes da Marvel tenham popularizado a ideia de que Loki é irmão de Thor, na mitologia nórdica isso não é verdade. Loki é, na verdade, irmão de sangue de Odin, o pai de Thor. Como essa aliança de sangue foi formada nunca foi totalmente explicada nas fontes mitológicas que chegaram até nós. Loki, na verdade, não é um deus tradicional de Asgard, mas um jötunn, ou gigante, vindo de Jotunheim, o reino dos gigantes. Apesar de ser irmão de Odin, Loki mantém uma relação ambígua com os outros deuses, frequentemente os ajudando, mas também causando grandes problemas. Ele é o responsável por várias travessuras, como cortar o cabelo de Sif, esposa de Thor, e armar a morte de Baldr, o deus da luz. Em algumas lendas, Loki mostra respeito por Thor, mas isso não o impede de engendrar planos para ridicularizá-lo ou enganá-lo. A relação entre Loki e Thor é mais de companheiros ocasionais do que de irmãos, e, no fim, Loki acaba sendo um dos maiores antagonistas dos deuses durante o Ragnarök.

Qual é a origem dos humanos na mitologia nórdica?

De acordo com a mitologia nórdica, os primeiros humanos foram criados a partir de árvores. Os deuses Odin, Hœnir e Lodurr encontraram dois troncos sem vida à beira-mar, que transformaram em seres humanos. Ask, o primeiro homem, e Embla, a primeira mulher, receberam dons especiais dos deuses. Odin lhes deu o espírito e a capacidade de respirar, Hœnir lhes concedeu inteligência e a habilidade de falar, e Lodurr lhes proporcionou sangue e uma boa aparência. A história de Ask e Embla é contada no poema Völuspá, parte da Edda Poética, uma das principais fontes da mitologia nórdica. Esses primeiros humanos não eram imortais, assim como os deuses nórdicos, mas foram responsáveis por povoar o mundo e dar origem às futuras gerações. Essa história destaca a conexão profunda que os nórdicos tinham com a natureza, já que os seres humanos surgiram de elementos naturais, como as árvores, em um mundo que os deuses haviam moldado a partir do caos. Em outro mito, após o Ragnarök, um novo casal humano, Lif e Lifthrasir, sobrevive à destruição do mundo e repopula a Terra, simbolizando o renascimento da humanidade.

Deixe um comentário